sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Plasticidade


Como o sistema nervoso se recupera?

Resposta: "Plasticidade".

As doenças neurológicas provocam incapacidades que limitam a qualidade de vida. A recuperação depende de muitas variáveis e ocorre através de um fenômeno chamado plasticidade. 

Plasticidade é a capacidade dos neurônios reorganizarem suas conexões anatômicas e funcionais em resposta aos estímulos externos. Com isso, é possível modificar respostas antigas ou alcançar novas respostas, chamadas comportamentos. Ou seja, a plasticidade cria e renova comportamentos.

O desenvolvimento da plasticidade é amplamente reconhecido e em adultos normais está bem estabelecida com base em funções cotidianas como memória, aprendizado e aquisição de novos comportamentos (Wolpaw JR. Spinal cord plasticity in acquisition and maintenance of motor skills. Acta Physiol (Oxf) 2007;189:155-69.).

Após a ocorrência de lesões, os neurônios podem espontaneamente aumentar sua plasticidade, proporcionando potencial para criação de novas conexões como base para recuperação e adaptação de comportamentos (Wolpaw JR. Spinal cord plasticity in acquisition and maintenance of motor skills. Acta Physiol (Oxf) 2007;189:155-69.). Anatomicamente, a plasticidade espontânea induzida pela lesão inclui a regeneração de brotamentos de neurônios lesados em direção aos intactos, sinaptogênese e remodelamento sináptico. Funcionalmente inclui modificações da excitabilidade e inibição neuronal, velocidade de condução e eficácia sináptica. Modificações estruturais e funcionais espontâneas também ocorrem em oligodendrócitos com extensa dismielinização e indução de comportamento inibitório, assim como em astrócitos que formam cicatrização inibitória (Ramer LM et al. Setting the stage for functional repair of spinal cord injuries: a cast of thousands. Spinal Cord 2005;43:134-61.). 

A despeito da identificação experimental dos fatores celulares e moleculares promotores de regeneração axonial (Ramer LM et al. Setting the stage for functional repair of spinal cord injuries: a cast of thousands. Spinal Cord 2005;43:134-61.), a relação entre regeneração e retorno das funções ainda é desconhecida, possivelmente porque o número de axônios regenerados é pequeno e as distâncias de crescimento são curtas (Bradbury EJ, McMahon SB. Spinal cord repair strategies: why do they work? Nat Rev Neurosci 2006;7:644-53.). Entretanto, a plasticidade e sua modulação pela atividade física aparecem como as principais contribuidoras para a recuperação funcional (Wolpaw JR. Spinal cord plasticity in acquisition and maintenance of motor skills. Acta Physiol (Oxf) 2007;189:155-69., Behrman AL et al. Neuroplasticity after spinal cord injury and training: an emerging paradigm shift in reabilitation and walking recovery. Phys Ther 2006;86:1406-25.).

Os desafios são compreender os mecanismos balizadores da plasticidade dependente da atividade física que podem otimizar os resultados funcionais e reduzir a incidência de complicações secundárias após lesão neurológica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário